Palavras que se perpetuam envoltas em imagens nesta colcha de retalhos entre fonemas, sentidos e paixões.







sábado, 13 de outubro de 2012


Roda da Vida Errante!

Era um choro de criança. Era um choro de mulher. Era um choro de mil vozes a ecoar no céu, que fingia ser colorido para ocultar o curtume da violência ali depositada.
Era um corpo ressequido, sem dentes e sem água. Era um dialeto estranho misturado ao que não se aprendeu a escrever e às dores sussurradas na estrada.
Era um beijo sem saliva, sem esperança, sem gosto do leite morno nos seios de alguma emprenhada.
Era um gesto não dado, não percebido, apenas um bandido espírito errante sem vida a percorrer.
Era um momento que não foi, uma hora que não passou, uma chuva que não veio, uma inundação que nos levou, era o sol abrasador das colheitas que não vingaram, pobres espaços destinados a morrer.
Era um sem número de ocasiões pertinentes a homens engravatados, cheios de ar condicionado, com dinheiro colorido no bolso, deixados em ilhas paradisíacas ou em cofres de ouro, com mulheres belas e desnudas, com flores vivificadas de fortuna, comida com cheiro de presente e toda uma vida pela frente.
Era um sem dono de mundo, sem coração vibrante, sem olhos de cor, multidões abandonadas à própria sorte nas asas da morte bela e faceira, sonho acalentador de uma vida sem eira e nem beira.
Tal cenário tão bem enfeitado em formas e sentidos não se faz merecedor de apenas um continente, anda escarafunchando toda a Terra, deixando sua marca veemente e a ela unem-se coros de igual dementes.
E assim os muitos famintos seres zumbis sustentados por marionetes invisíveis clamam liberdade e gritam para todos ouvirem: Valei-me Deus, valei-me, seremos assim tão miseráveis que nem um pouco de bondade temos o direito de saber? 
Sou o Raio de Sol que se enamora de você, semeio as fontes com minhas sementes de flores a te esperar.
Por onde andas que não vem me alcançar?
Sou aquela que você não sabe estar, mas que está a te procurar!