Palavras que se perpetuam envoltas em imagens nesta colcha de retalhos entre fonemas, sentidos e paixões.







segunda-feira, 31 de maio de 2010

Chegada do sepulcro


Escolheram minhas vestes, seria branco.
Não me perguntaram se eu havia de gostar.
Tiraram-me os sapatos, e eu que pensava que poderia levá-los.
Despentearam-me os cachos e os puseram presos ao meu lado, não gostei, minha forma tinha uma imagem que não me pertencia.
As flores não eram as que eu queria, tinham um cheiro nada peculiar e me irritavam as narinas me fazendo espirrar.
Alguns me olhavam com espanto, outros com dó, alguns nem me viam, já que conversavam com outras pessoas que eu nem conhecia.
Não era essa a festa que eu tinha sonhado, nem a música que eu queria ouvir tocar, não eram essas as pessoas que eu havia convidado, não era nada disso que eu queria estar.
A vela ainda cismava em brandir sua luz fosca me enjoando o estômago, mas ninguém vinha apagá-la e pensei estarmos sem luz. Tanta demora, e eu me perguntava em vão.
De repente, ela chegou, com seu manto negro, me estendendo a mão e dizendo que se atrasara um pouco, uma confusão, mas que eu já poderia descansar.
Ajeitei-me, repus meus cachos no lugar, apaguei as velas, troquei as flores, me vesti de outra cor e coloquei meus sapatos que tanto adorava. Acendi a pira e me deixei levar, sendo sorvida pelas chamas que aqueciam meu coração. Ela ficou a me esperar, até que eu estivesse pronta e segurando sua mão partir, feliz!

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