Palavras que se perpetuam envoltas em imagens nesta colcha de retalhos entre fonemas, sentidos e paixões.







segunda-feira, 3 de maio de 2010

Diferentemente


Eu queria me transmutar, ser borboleta às vezes, e toda hora que eu quisesse morrer, me refazer em beleza diferente. Mesmo que o instante seja o de me perpetuar, não importa, quero suas asas como se fossem minhas, por onde eu pudesse adentrar e sorver o vento em minhas cores me revestindo novamente.
Eu queria ser mar, me salgar nos peixes que desbravam as correntezas. Ser como a anêmona que presa ao fundo captura com seus tentáculos seu alimento, apenas transborda sem a gravidade dura que nos curva o tempo.
Eu queria ser terra, fazer brotar as árvores seculares que prendem minha memória, perder-me nas folhas secas que se esparramam pelo chão em boa hora.
Eu queria ser mineral, a pedra que ora rola magistral se permitindo formas durante sua estada infinda, até se transformar em pó ou se solidificar como uma estátua poderosa perpetuada em algum lugar.
Eu queria não ser gente, já que gente, insistentemente cansa a gente. Até eu me vejo cansada em mim, de tanto querer ser diferente. Não que eu me atrapalhe em minha essência, ou diria, persistência, mas porque gente requer demasiadamente gente.

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