Palavras que se perpetuam envoltas em imagens nesta colcha de retalhos entre fonemas, sentidos e paixões.







domingo, 2 de maio de 2010

Cenário


Vejo o céu limpo a brincar com algodões de diferentes cores anunciando uma leve chuva cor de cinza, fria como a neve que ora respira por entre as minhas narinas, já que me atrevi a deixar aberta a porta. Meus rastros qual raposa à espreita do alimento busca por entre as árvores pálidas um pouco de calor. Descanso na sombra da fome macia, sentindo a brisa que me arrepia os pelos. Ao longe, avisto cor de branco cismando em meio a neve que se misturando estava orelhas pontudas avermelhadas, mostrado seu sangue para mim. Entre o olhar e a vontade de me esgueirar veio um pássaro assustado qual não foi seu engano em deixar seu filhote partir - mas já era hora. O céu, as nuvens, a neve, a árvore, a fome, o sangue, o voo, o filho. Cai a chuva, fecho a porta, acendo a lareira do meu coração e volto às páginas do livro incerto, já que meus olhos cismavam na escuridão, fechados estavam, sono talvez, mas o brilho da neve insiste.

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