Palavras que se perpetuam envoltas em imagens nesta colcha de retalhos entre fonemas, sentidos e paixões.







terça-feira, 20 de abril de 2010

Em pensamento


Qual estátua presa em sua beleza esqueceu-me de regar o coração. Eu gostaria de ter escalado a torre alta de marfim e cravado em meu peito sua imagem que se perdia de mim, tão ocupada estava eu a viajar pelo tempo que nem percebi. Olho-me no espelho e me perco no azul do mar que ora vejo misturado às brumas loiras dos meus cabelos, pequenos fachos de sol das caudas dos cavalos velozes dos deuses. Sou tão tola e por ser tola quero-te tanto, tanto como as pausas leves do meu coração que se escutam ao meu respirar. Não vês que fazes parte de mim? Não vês que já não posso te deixar partir? Não quero a hora sepulcral a me esperar, nem as palavras escritas na lousa da tela da imagem de um filme tosco, nem tampouco os poucos momentos que não posso te ver. Preciso de sua imagem, de sua pele, de sua fala, de sua cálida presença ao meu lado, mesmo que muda, mesmo que ausente, mesmo que ainda esteja em outro ente, mesmo que não queira fazer parte dessa simples e pequena parte do meu ser, mesmo que tenha tantos outros motivos que não ouse me dizer, mesmo que seja a última e derradeira aurora, mesmo que seja a sua despedida, mesmo que seja eu a te pedir, não vá de mim. Por ser tola e tão tola te quis tanto presentemente, que na minha mente não percebi que partiu. Mas, sei não te culpo, atropelei o tempo e nele me perdi. Venha, volta, volta para essa que perdida está, mas volta completamente, para que meus olhos possam te buscar e te guardar, volta para ocupar e tomar o que ainda não é, apenas está, como semente que precisa da terra para se alimentar, sou eu a te esperar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário